16 de jul. de 2015

Francisco Carvalho: vida e poesia
[Descobrir e Redescobrir] 


Completamente atemporal... refletir... 

 
  Antonio Abujamra recita Nós não temos heróis, de Francisco Carvalho

Nós, nós não temos heróis. Nem jamais os tivemos. Afinal, para que servem os heróis e suas estátuas de granito ou mármore negro, seus cavalos de bronze, suas medalhas barrocas e as espadas que não passam de metáforas?
Para que servem os heróis se o ácido da chuva desdenha da glória dos homens e nem os pássaros se importam com eles?
Para que servem os heróis se nem sabe quem somos nem jamais ouviram falar dos nossos mitos e utopias?
Infeliz do país que necessita de heróis.

Francisco Carvalho: vida e poesia
[Descobrir e Redescobrir]


              Não conhecia o poeta até uma amiga me presentear com suas obras. Assim que vi aqueles volumes tive logo a intenção de começar a ler: curiosidade por saber quem era aquela pessoa, o que escreve e como era seu coração literário. Que surpresa tive ao escutar dela que não havia muita coisa sobre ele, comecei a ler um de seus livros de sonetos Rosa Geométrica e pesquisei sobre, não encontrando praticamente nada (Ou melhor, somente duas ou três páginas na web sobre sua vida, informações vagas e o nome de suas publicações.)

                      Assim com esse post pretendo iniciar um projeto de leitura sobre Francisco Carvalho, ou seja, lerei seus textos e produções críticas sobre suas obras para o fim de escrever minhas impressões de leitura (objetivo principal do presente blog). Por isso o nome Francisco Carvalho: vida e poesia [Descobrir e Redescobrir].


            


15 de jul. de 2015



       


   O conto proporciona curiosidade ao leitor a partir do título, As pupilas de Safo. Chegamos a imaginar que Safo esteja relacionado a mitologia grega, mas ao lermos o conto e pesquisar sobre a terminologia percebemos que trata-se de um dos neologismos presentes no texto e justificado pela relação das personagens principais Lavínia e Eva.


                  A temática principal está associada ao amor e desejo sincero entre as personagens, como algo espiritual ligados ao celestial. Lavínia encontra-se no bar com seu namorado George e seus amigos em mais um  momento que "por diversas vezes (...) repetiu-se". Após é apresentado o papel que seu namorado possui para ela, "George, sempre calado, não se entrosava muito. Cão fiel de sua dona ficava ao lado dela espreitando seus movimentos aguardando ansiosamente um mimo ou um agrado qualquer vindo dela. Por sua vez, Lavínia, agitada pela movimentação do bar, parecia indiferente ao namorado ali, ao lado." Em sua relacionamento com George percebemos que trata-se de uma "justificativa" frente a sociedade. 

          Eva chega atrasada ao bar, há troca de mensagens ocultas (termos que só as duas têm conhecimento) usando a palavra Rigel que para elas significa Eu te amo. "Na verdade Rigel é uma estrela dupla, situada na constelação Órion, tem a cor branco-azulada e se apresenta esplendorosamente no firmamento." Mais explicativo ainda se torna o termo ao lermos: 

"Partiu dela [Eva] a ideia de usar o nome dessa estrela toda vez que a vontade libidinal conclamasse seus corpos a satisfazerem suas necessidades afetivas intensas. Justamente pelo fato de serem suas estrelas unidas em uma só é que propôs o nome Rigel, fazendo alusão ao seu mais forte anseio: o de viverem seus amor sem nenhum impedimento. Livres. Juntas. Unidas. E principalmente sem a sombra de George."

            Usei trechos presentes no conto para a apreciação devido eles conterem não só palavras, mas o sentimento que as personagens compartilham junto ao cosmo. Continuando, George fica embriagado e Lavínia pede para levá-lo para casa, mas antes deixa um recado para Eva esperá-la no bar. As personagens vão para um monte chamado Alto dos Pinheiros e compartilham mais um momento de entrega.

                    A contista Lorena Kelly "é graduada em Letras Português-Inglês. É estudante autônoma de francês, adora o mundo literário e o estudo de línguas. É técnica-administrativa do IFCE. Já publicou algumas de suas obras nas antologias poéticas - VIDE VERSO e OUTRAS ÁGUAS." (Informações retiradas do livro IV Coletânias de Contos Sesc, edição 2012) 


*Conto extraído do livro IV Coletanêa de Contos Sesc, que caracteriza o projeto Um conto por dia (com objetivo de apreciar de maneira pessoal as linhas singelas e profundas presentes no conto).