24 de ago. de 2014

         
         Sobre A livraria, de Penelope Fitzgerald

                          

            Comprei esse livro as escuras no Sebo do Messias, confesso que me chamou atenção a capa e o título. O livro possui dez capítulos e no total de 141 páginas. Ele conta a história da senhora Florence Green, viúva que vive há dez anos na cidade fictícia de Hardbrough, e decide comprar uma antiga residência há muito abandonada e assombrada, denominada Old House, para fins de uma livraria. Temporalmente, a história começa em 1959.
 
Publicado em 1978, Penelope Fitzgerald nasceu em Lincoln, 1916, e morreu em Londres, 2000; criou romances, biografias, ensaios, resenhas, contos e postumamente foi publicado um livro de cartas (2008) e biografia (2013). Em 2008, The times publicou uma lista dos cinquenta melhores escritores britânicos desde 1945, Penelope encontra-se nesta.

        Contudo, os mais poderosos residentes da cidade procuram afastar e dificultar a vida de Florence. Há diversos elementos e comportamentos que provocam diversas relações, tais como: a livraria, o título dos livros comprados pelos habitantes da cidade como referência situação política e social vividos pelo pequena cidade que rejeita visivelmente o novo, o contestador e a reflexão.

         Há um homem, denominado de senhor Brundish, que vive sozinho e raras vezes é visto pela cidade, porém estabelece vínculo com a senhora Florence por meio de cartas e uma visita de poucas palavras; ela o considera como o mais sincero. Assim, por meio de breves palavras sobre a recomendação de Lolita, obra de Nabokov, ou não para a livraria, ele responde da seguinte forma:

"(...) Li Lolita, como pediu. É um bom livro; portanto, a senhora deve tentar vendê-lo aos habitantes de Hardbrough. Não o entenderão, mas é preferível assim. Entender torna a mente perigosa." (p.93)
  
              Ao final, inverno de 1960, Florence sai da cidade por força judicial movida pelos poderosos por razões inexistentes:

"Enquanto ela se afastava da estação, ela permaneceu sentada, com a cabeça abaixada de vergonha, porque a cidade onde tinha vivido quase dez anos não aceitara a livraria." (p.141)
                                                    

17 de jun. de 2014

Os Livros, nossos amigos

"A paixão dos livros pode começar cedo, mas não se deve dar o nome de bibliófilo senão a quem já trocou a paixão dos livros novos - das efêmeras novidades literárias - pela outra, muito mais intensa, dos livros velhos."*
*Inscrição em tons de cinza bem apagados que se encontra na contra capa.


           Eduardo Frieiro é o idealizador desta maravilhosa obra, digo isto por que ao lê-la fiquei com vontade de relê-la incansavelmente; acho que devido pelo tom de conversa e por abordar um assunto de extremo interesse para mim (tudo que envolve livros). 
 
         O escritor foi professor, escritor mineiro, participante da Academia Mineira de Letras, fundador da Faculdade de Filosofia, fundador e primeiro diretor da Biblioteca Pública de Minas Gerais, além de ter recebido o Prêmio Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras. De acordo com minha leitura, teve durante sua vida voltada para o mundo do conhecimento, principalmente pela leitura. 

       O conjunto de ensaios, conta com inúmeras referências históricas (Ex-líbris), atos cotidianos que ficaram para a história como os erros tipográficos (O Diabo nas tipografias), bichos que amam os livros (Os inimigos do livros), sobre encadernações (A indumentária do livro) e interessantes contos sobre o mundo bibliófilo (Tristeza e alegria do bibliófilo pobre). É interessante ressaltar os nomes do primeiro e último capítulo, pois transmitem a viagem realizada pelos leitores, desde "Arte de amar os livros" até "Toda palavra impressa é um monumento a Gutemberg".
        
              A edição que li faz parte das "Edições do Senado Federal", volume 80; no total de 198 páginas, com trinta e três capítulos. Eduardo Frieiro fez uma obra obrigatória para os conhecedores (ou não) do mundo biblíofilo, da leitura, da história do livro e de seus diversos pormenores; o livro nos chama para torná-lo de cabeceira devido a inesgotável fonte de conhecimentos diversos.

        Algo que estranhei foram poucas referências a Eduardo Frieiro, nem mesmo na edição que li há alguma informação biográfica. Mas, segundo o wikipedia, temos que suas publicações foram estas: 
       
  • O Clube dos Grafômanos, (romance), Edições Pindorama, Belo Horizonte, 1927;
  • 0 Mameluco Boaventura (romance), idem, idem, 1929;
  • Inquietude, Melancolia (romance), idem, idem, 1930;
  • 0 Brasileiro Não É Triste (ensaio), ed. Os Amigos do Livro, 1931;
  • A Ilusão Literária (ensaio), idem, idem, 1932;
  • 0 Cabo das Tormentas (romance), idem. idem, 1936;
  • Letras Mineiras (ensaio), idem, idem, 1937;
  • Os Livros, Nossos Amigos (ensaio), Livraria Paulo Bluhm, Belo Horizonte, 1941. A 2ª e 3ª edições da Editora Pensamento, São Paulo, 1945 e 1957;
  • Como Era Gonzaga?, publicações da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1950;
  • O Diabo na Livraria do Cônego (ensaio), Livraria Cultura Brasileira, Belo Horizonte, 1946; a 2ª ed.
  • Páginas de Crítica e Outros Escritos (ensaio), 1955;
  • O Alegre Arcipreste e Outros Temas da Literatura Espanhola (ensaio), Livraria Oscar Nicolai, Belo Horizonte, 1959;
  • O Romancista Avelino Foscolo (biografia).
  • Feijão, Angu e Couve (ensaio), Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1950.

 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Frieiro


3 de jun. de 2014

Acerca da "A Mosca, A pasta, e os Sapatos", 
de Moreira Campos

A temática é pertinente e faz alusões a diversas situações e práticas cotidianas, relacionando-se com o metafísico e comportamental, além de considerar as questões sociais e opressoras. O título dessa postagem é um conto que pertence ao volume intitulado “Dizem que os cães vêem coisas”, publicado em 1987; ainda em vida o autor. Nesse célebre título há o conto-título do livro e “As corujas”, toda a obra perfaz o caminho do mistério, das contradições, do dia-a-dia e, principalmente, do fantástico. 



Moreira Campos nasceu em Senador Pompeu (CE), 1914, e faleceu em Fortaleza (CE), 1994. Sua vida foi marcada pela escritas de contos e ativismo para valorização da literatura em todos os espaços. Há publicações diversos idiomas, como inglês, francês, dentre outros. Esse ano é marcado pelo seu centenário de vida, diversas homenagens de diversas ordens estão sendo realizadas. As publicações de Moreira são respectivamente:

 Vidas Marginais (1949);
Portas Fechadas (1957);
As Vozes do Morto (1963);
O Puxador de Terço (1969); 
Contos Escolhidos (1971);
Momentos, contos (1976); 
Os 12 Parafusos (1978); 
10 Contos Escolhidos (1981);
A Grande mosca no copo de leite (1985);
 Dizem que os cães vêem coisas (1987).


O conto começa ambientando o tema principal, que é a doença de um homem, que possui seis filhos, e que teria seis meses de vida. O filho mais velho, Miguel, é chamado pelo homem numa manhã de domingo numa saleta da casa, conversaram entre si; o pai conversa com o filho de forma terminal, dizendo de suas rendas, de como este deveria agir quando se for, recomendou que olhassem por sua mãe. Após as recomendações, sua mulher observa o esposo e briga com este devido apalpar sua doença: “Tira esta mão daí, homem!” Após estas palavras há silêncio total na saleta, e passamos, a saber, mais sobre a vida daquele homem moribundo. 


O título do conto perfaz um resumo significativo de todo o enredo, “A Mosca, a Pasta, e os Sapatos” esses elementos juntos e na mesma sequência das ações presentes no conto vem com letras maiúsculas, que pode representar a personificação de diversos elementos.


Sendo assim, “A Mosca” podendo ser a proximidade do corpo do moribundo a chegada da morte, a posição igual e repetitiva (aparecendo três vezes na mesma posição, “no canto da boca do doente”) intriga e torna a atmosfera da história como algo escatológico e próximo as fronteiras da vida para a morte. 


“A Pasta” retrata no conto a incansável vida do dono desta chegando a ser descrita como uma pessoa: “Prestara muito serviço, quase que acompanhara o pai a vida toda. Difícil separar os dois. Uniam-se: a pasta era ele, ele era a pasta.” E como o narrado nos conta, que vê-la inerte em cima da mesa significa uma reconstituição da vida do doente antes, quando seu corpo ainda era grande, meio curvo, braços enormes e as singulares gravatas que usava. Podemos considerar também a pasta como o principal elemento que importava para a vida do moribundo, como é caracterizada e as diversas associações e palavras que o próprio doente diz no início do conto ao dizer para seu filho mais velho a posse da casa: “Trabalhei para isso. Economizei. Fiz disso um costume.”


“Os Sapatos” metaforicamente pode ser associado ao pedido que o moribundo pede para seu filho, que quando morrer gostaria de vestido de paletó e gravata, mas descalço ou talvez de meias. Depois percebemos o porquê desse estranho pedido, tomamos conhecimento que o sapato era praticamente novo e só fora usado duas vezes pelo moribundo, para este seria “gasto superficial” ser enterrado com o sapato e sua condição. 


Por esses elementos presentes no título podemos perceber as características do personagem principal, seu estilo de vida, sua rotina e as suas escolhas para a vida. Homem voltado para preocupações econômicas, chegando a chamar seu filho mais velho (Miguel) para falar de sua renda, de seus negócios e o que fazer após seu próprio falecimento. Normalmente, os moribundos chamam seus parentes para agradecer, aproveitar o momento juntos, lembrar bons momentos; nesse caso é completamente diferente, o pai chama o filho para falar de seguro, apólice, carteira de trabalho.


O filho mais velho (Miguel), segundo personagem, está ao lado do pai todo o enredo, suas poucas palavras e até mesmo o que o narrador nos diz: “o filho valia-se mais da repetição: - Sei, sei. Silêncio.” Podem representar o distanciamento na relação pai-filho, até mesmo por ser o mais velho já demonstra grande ressalto, porque os filhos mais velhos tendem a ser mais próximos aos seus pais, pelo caráter primogênito. Outro elemento característico do personagem Miguel é a presença do silêncio vindo depois de poucas palavras, o discurso mais longo entre este e seu pai são de dez palavras.


A mãe, personagem não nomeado, tem passagens que mostram sua forte personalidade e representa a mulher dona de casa que faz de tudo pela sua família. Em diversos trechos do conto percebemos esses elementos, tais como o doente falando ao filho: “Sua mãe foi uma grande companheira”, “pedia que ele e os irmãos a amparassem”, na repetição “Uma grande companheira, sua mãe” e em ações com ajuda do marido ao chegar de um dia difícil no trabalho, dentre outras.


O tempo do enredo cronológico é período matutino, logo no início do conto vemos a incidência do tempo na terceira linha “naquela manhã de domingo”. Mas durante o desenrolar vemos a sequência de ações em diferentes partes: como passado, a história sendo contado no passado, uso do “quando”, como primeira palavra, verbos no passado, “conversaram”; depois  o narrador começa a contar  a história do encontro entre pai e filho, como narrado observador e conhecedor de tudo. É importante ressaltar as idas e vindas do tempo aliados a memória do narrador e de elementos que fazem parte da história, como a a Mala e sua significação.


O espaço central da história é o quarto do doente, que mora com sua esposa, que aparentemente vivem sozinhos embora tivessem seis filhos. A presença do homem na casa apesar de se encontrar bastante doente, esta completamente ligada às primeiras linhas do conto, ou seja, o desengano de que sua doença poderia ser curada. 


Além dos elementos citados no título é bem característico o cacarejo da galinha, a réstia de sol (que aparece no início do conto e no último parágrafo do conto) e a descrição do estado do homem frente a sua percepção de estar a ficar doente e a reflexão de tempos depois já em estado avançado da doença. Percebemos que o homem não buscou tratamento para sua doença, mesmo percebendo que algo não estava certo no seu interior, mas se auto-afirmava que estava com saúde.


Exemplificando, antes da contestação da doença: 

“Mesmo os dois mais novos, já trocadores de ônibus, emprego que ele próprio arranjara, quando ainda tinha saúde, embora desconfiasse de que algo o começava a minar: a inapetência, o tique do apalpar o endurecimento no intestino, bola de carne que prendia entre os dedos graúdos.” (CAMPOS, Moreira. Dizem que os cães vêem coisas, p.95-96)


E após o laudo final do médico:



“Perdia-se nas dobras do pijama, que o próprio doente apanhava com a mão para medir a magreza, com desgosto. As pernas secas (o luzidio do osso) repousadas na banqueta ali na espreguiçadeira. As unhas dos pés crescidas e curvas, o corte da operação no ventre em risca vermelha, ainda marcada pelos pontos como um zíper.” (CAMPOS, Moreira. Dizem que os cães vêem coisas, p.96)


A leitura do conto proporcionou reforçar a visão de que com poucas palavras, poucas páginas podem ser construídas com significação e analogias profundas sobre diversidades de assuntos. 


O ritmo de leitura e a profundidade das ações dos personagens são marcantes pela disposição dos elementos e das palavras, que podemos considerar certas; estas realmente levam o leitor a vivenciar as ações e a marcar com imagens como a mosca que pousa diversas vezes no canto da boca do doente, a simbólica presença da réstia de sol no inicio e no fim do conto e o silêncio. Moreira Campos com certeza soube expressar em seus contos todo  os detalhes, reflexões e choque para com as diversas realidades.

 Confira os vídeos abaixo:

    (Curta sobre o conto "Dizem que os cães vêem coisas".)
 
(Uma das diversas homenagens ao centenário do escritor)
 

25 de mai. de 2014

Como e Por que ler os clássicos universais desde cedo
Ana Maria Machado

                Como e Por que ler os clássicos universais desde cedo nos apresenta com linguagem clara e organizada: breve e profunda “viagem” pelos cânones, incentivo a leitura destes, troca de experiências pessoais entre o leitor e a autora e propicia um forte poder argumentativo em favor da leitura desde os pequenos anos.
           
            Ana Maria Machado, autora de diversos livros de grande sucesso e premiada em diversos concursos literários, nesta obra exibe excepcional divisão composta por doze capítulos, proporcionando aos leitores o resgate dos capítulos lidos através da visualização dos títulos. É importante destacar que nas páginas finais apresentam dois índices, com nomes dos autores e obras citadas, organizados em ordem alfabética, gerando liberdade e curiosidade para futuras leituras.
           Deste modo, Como e Por que ler os clássicos universais desde cedo enriquece seus leitores também ao apresentar citações diretas de grandes estudiosos do campo da leitura, bem como generalizações da própria autora. 

           Harold Bloom, “é bom lermos esses autores clássicos porque eles ampliam nossa vida”, Italo Calvino, “os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual”, Pedro Salinas, “um clássico é um livro que sempre presta ao espírito do homem um serviço da mais alta qualidade” e palavras da pópria autora Ana Maria Machado, ao concluir acerca do por que ler os clássicos desde cedo, “ou seja, não há razão para deixar de ler os clássicos desde cedo”. (p. 21-24)

            Portanto, após esta tentativa de realçar pontos específicos desta maravilhosa obra, podemos concluir que este livro proporciona aos leitores a conquista do conhecer, mesmo que por citação, cânones sem limite de idade.

15 de mai. de 2014

Os Livros da Magia - Neil Gaiman

 

                  Primeira vez que leio algo escrito por Neil Gaiman, até o meio do ano passado não o conhecia de forma alguma, mas o que me intriga é já ter ouvido falar da célebre obra produzida por este intitulada de Sandman. Também nunca havia lido quadrinhos, ou posso até dizer, nunca havia sido apresentada a algum. Mas um dia, em um dos vídeos produzidos por uma sensacional blogueira e vlogueira chamada Tatiana Feltrin conheci o livro-quadrinho do título desta postagem. O que chamou atenção a princípio foi a descrição dos personagens, o preço da obra em publicação de luxo que achei na Saraiva e estilo meio que parecido com Harry Potter. 

                 Busquei informações biográficas sobre  Neil Gaiman, achei essa bastante completa apesar de ser bem curta no skoob. "Neil Richard Gaiman nasceu em 1960, na cidade de Portchester, Inglaterra. Desde pequeno, demonstrou sua ligação com os quadrinhos. Seu trabalho mais conhecido é "Sandman", que o imortalizou entre os fãs de HQs. Por 75 números, Gaiman e "Sandman" foram se tornando cada vez mais famosos. A série tornou-se o carro-chefe do selo Vertigo, destinado a um público geralmente adulto que não queria mais saber de super-heróis. O autor ganhou reconhecimento da crítica ao receber prêmios ao redor do mundo, entre eles o prestigiado World Fantasy Award, geralmente concedidos apenas a obras em prosa. Entre outros vários trabalhos com HQs, romances e roteiros, Gaiman publicou os livros "Coraline", "Deuses Americanos" e "O Livro do Cemitério". 

               Os Livros da Magia (publicado primeira vez em 1990-1991)que me refiro é uma publicação especial realizada pela Vertigo- Panini Books; essa edição é compilação dos quatro quadrinhos em um só volume, respectivamente: 1) O Labirinto Invisível (Arte de John Bolton), 2) O mundo das Sombras (Arte por Scott Hampton), 3) A Terra do Crespúsculo de Verão (Arte por Charles Vess) e 4) Estrada para o Nada (Arte por Paul Johnson). Ao final existem  imagens extras de rascunhos do quadrinhos, carta de Neil Gaiman com o resumo para um dos colaboradores, Charles Vess.



                   A história começa em Londres com um garoto de treze  anos chamado Timothy Hun ter, ou Tim, que enquanto andando de skate é abordado por homens, que inicialmente o perguntam se ele acredita em magia e o fazem convite para segui-los para por fim o garoto decidir realizar sua escolha acerca da magia. Hunter, com cada personagem referido realiza "passeios" por diversos mundos desde tempos passados, tempo futuro, etc. Vale a pena lê-lo, relê-los, fazer comparações, críticas sobre e analogias de diversas ordens. Com certeza não é um quadrinho para ler uma vez e esquecê-lo, durante a leitura busquei entusiasmo a cada página do quadrinho, percebi semelhanças com Harry Potter, mas ficou claro para mim que só nas primeiras folhas há similaridades.
 

Fonte: Canal Tatianagfeltrin

18 de abr. de 2014

     O que é Literatura? - Marisa Lajolo



imagem ilustrativa
Fonte: UBE
   De acordo com a União Brasileira de Escritores (clique para ver mais informações sobre a escritora e pesquisadora) Marisa Lajolo nasceu em São Paulo, graduou-se  na USP (1967) com Licenciatura em Letras, no mesmo local realizou Mestrado (1975) e Doutorado (1980) em Letras, Teoria Literária e Literatura Comparada.

Foto: Capa
    
     Como podemos ler através da imagem e do título desta postagem, o livro aborda como eixo central respostas para a pergunta declarada, O que é literatura?. A autora nos capítulos iniciais busca provocar no leitor os conhecimentos prévios sobre Literatura, perguntando muitas vezes se os textos guardados dentro da gaveta, rabiscos de poemas, músicas, tradições orais também são Literatura. 

Foto: Contra-capa
        A linguagem utilizada busca ser uma conversa descontraída com o leitor, provocando que este siga ou não a leitura do texto mediante os assuntos abordados. Cada capítulo (no total 18) traz uma temática voltada para a Literatura: como delimitá-la (e dificuldade em realizar tal ação) sua história,  formação e tradição, desde os primórdios tempos Gregos  até os dias atuais no Brasil; além do mais  exemplificadas por textos, poemas e músicas conforme o período ou assunto.

      Por fim, há indicações de leitura propostas para incentivar os leitores que buscaram essa obra como ponto inicial para adentrar no caminho do conceito de Literatura, seus limites, historiografia literária, relação da Literatura com a contexto social. Destaco esse trecho final:

"Em particular no Brasil, a televisão que, branca-e-preta ou em cores faz viver tanto o casamento real quanto o fuzilamento de Sadat, precedeu o domínio da leitura. Somos um povo telespectador; não fomos nem nunca fomos um país de leitores." (LAJOLO, Marisa. O que é Literatura?, p.94 e 95)
                                         

Algumas obras de Marisa Lajolo:

Literatura infantil brasileira: Histórias e Histórias (Ática, 1999);
Literatura: leitores e leitura (Moderna, 2001); 
Descobrindo a Literatura (Ática, 2003);  
Como e por que ler o Romance Brasileiro (Objetiva, 2004); 
Do mundo da leitura para a leitura do mundo (Ática, 2004);
Antologia de Poesias: Poesia Romântica Brasileira (Salamandra, 2005)                            


                                                                                                                                                                                                       O que é Literatura? - Marisa Lajolo  Coleção Primeiros Passos 53
Ed. Brasiliense
13° Edição - 1991
98 páginas

20 de mar. de 2014

   Sobre a Leitura - Marcel Proust 


Marcel Proust (1871-1922) nasceu e morreu nas terras francesas, seu nome é conhecido pela publicação de Em busca do tempo perdido*, conjunto de sete livros que busca pela descrição a apreensão do tempo, portanto sem a presença de uma única temática. Além do mais, a maravilha destes tomos também consiste pela grande conquista de leitores e reconhecimento entre as maiores obras  da literatura mundial.

Capa
     Entretanto, o livro que proponho comentar é, na verdade, um prefácio escrito em 1905 por Proust para a tradução do livro Sésame et les Lys de John Ruskin¹, antes da sua obra prima (já citada). Em Sobre a leitura o leitor, que tem ou não o primeiro contato com o escritor francês, encanta-se pois este recorre a sua infância para iniciar seu discurso em favor da leitura; com uma das justificativas de que "o que as leituras da infância deixam em nós é a imagem dos lugares e dos dias em que as fizemos." p.27 

Exemplificando com o primeiro trecho do prefácio:
"Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que pensamos ter deixado passar sem vivê-los, aqueles que passamos na companhia e um livro preferido." p.9
Contra-capa


     Assim, descreve em ricos detalhes os momentos que estava lendo O capitão Fracasso, de Theophile Gautier, principalmente nas férias, divididos em antes do almoço, pós-almoço e até as últimas horas da noite.Após esse discurso memorialístico Proust explicar por que o utilizou e cita suas leituras e influências que o levaram a ir em busca de conhecer cada vez mais escritores e todas as obras dos seus favoritos, para o fim de apreender a totalidade de seu pensamento. O prefácio apresenta ainda diversas questões ligadas a literatura, aos leitores, arte, bibliotecas e memória; ótima escolha de leitura.

 
PROUST, Marcel. Sobre a leitura. Trad.Carlos Vogt. - Pontes Editores, Campinas, SP. 5°ed - 2011.




*Livros em ordem de publicação. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Em_Busca_do_Tempo_Perdido)
  1. Du côté de chez Swann (No caminho de Swann 1913)
  2. À l'ombre des jeunes filles en fleurs (À sombra das raparigas em flor, 1919, recebeu o prémio Goncourt desse ano)
  3. le Côté de Guermantes (O caminho de Guermantes, publicado em 2 volumes de 1920 e 1921)
  4. Sodome et Gomorrhe (Sodoma e Gomorra, publicado em 2 volumes em 1921-1922)
  5. la Prisonnière (A prisioneira, publicado postumamente em 1923)
  6. Albertine disparue (A Fugitiva - Albertine desaparecida, publicado postumamente em 1927) (título original: La Fugitive)
  7. le Temps retrouvé (O tempo reencontrado, publicado postumamente em 1927)
¹John Ruskin (1819-1900): escritor, crítico social e de arte londrino com diversas publicações. Constantemente citado por Proust, em Sobre a leitura, para exemplificar seus pensamentos e atos de valorização a leitura e conservação de bibliotecas.

19 de mar. de 2014

As crônicas de Nárnia – C. S. Lewis

 

cslewis      Considero importante conhecermos, mesmo que pouco, acerca dos escritores. Assim, Clive Staples Lewis, que nasceu e morreu no Reino Unido (1898-1963), conhecido como C. S.. Lewis, cultivou em sua vida diversidade de de talentos, tais como:  romancista, poeta, acadêmico, dentre outros.
Sua célebre obra, ou que é mais conhecida, chama-se “As crônicas de Nárnia” em sua totalidade, mas esta é formada por sete livros chamados respectivamente por: O sobrinho do mago, O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, O cavalo e seu menino, Príncipe Caspian, A viagem do Peregrino da Alvorada, A cadeira de prata e  A última batalha.

ascronicas      A sequência dos livros representa a criação de Nárnia e vários estágios desta até seu “fim”, as aventuras têm crianças como protagonistas. Gostei da leitura, há questões filosóficas e religiosas; não considero como um conjunto de histórias só para crianças, mas para o público leitor em geral. 

        Li através do volume único (e edição ilustrada com 751 páginas) publicado pela editora Martins Fontes. Algo que me propus refletir foi a linguagem utilizada na tradução sendo bastante acessível e com termos atualizados usados pelo público alvo em questão, infanto-juvenil. Futuramente, pretendo relê-los no original  tanto para realizar contraste e atualizar as diversas relações que passaram despercebidas na primeira leitura de Nárnia.

         O volume conta ainda com artigo de C. S. Lewis chamado “Três maneiras de escrever para crianças”. Boa leitura!