12 de mai. de 2016







Sonetos: forte, simples, leve,
na leitura somos transportados facilmente para o mundo presente nas entrelinhas-linhas.

Foto: Jessica Souza

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11 de mai. de 2016

      
Vagando pela História e Arte


      É sabido que História e Arte estão vinculadas, juntas promovem manutenção da cultura e promove as futuras gerações novas criações a partir das anteriores. Assim, com a mistura de elementos e influências podemos usufruir também singularidade e diversidade do olhar de artistas que se destacam ao produzir sua arte. Desta forma, qual a importância da arte?  Qual sua importância vinculada ao medievalismo e a literatura, bem como se deu sua expressão?

    Não há um determinado período exato de quando se iniciou a Idade Média, conhecida também como Idade das Trevas devido a período de instabilidade envolvido em batalhas e grande desigualdade social (consequentemente, concentração do saber desigualitária), conforme nos diz Ernst Gombrich (famoso historiador vienense) em A História da Arte (cap. 8).

      Considerando o pensamento que o estudioso e crítico brasileiro José Ribamar Franklin de Oliveira na apresentação do Dicionário da Idade Média intitulado Breve Panorama Medieval temos a ideia que o termo “período das trevas” é equivocado, pois o “Medievo não significa somente a fundação da Europa em suas bases cristã e romana. No bojo da Idade Média gerou-se o mundo moderno”, além de “inúmeros proto-renascimentos” que começaram a ser maturados em meio a tanta instabilidade e mudanças.

     Mediante o que foi dito pelos estudiosos acima, acerca da Idade Média, percebemos sua contribuição e evolução nas mãos de artistas; confirmando assim a importância da Arte, levando-nos ao seu acesso por meio da literatura, pintura, escultura, música. Fato importante é a invenção de Gutenberg, onde podemos prestigiar em meados do século XV o estopim da cultura escrita (deixando de ser restrita aos monges copiadores em seus mosteiros, passando a inúmeras tiragens e, consequentemente, revolução da informação e do conhecimento).

     O acesso à arte e suas diversas expressões era restrito ao clero e a nobreza, como característica do período medieval as temáticas eram voltadas ao religioso em busca de sua propagação e manutenção. Ou seja, em sua maioria buscava-se expressar: nas pinturas com imagens simbólicas cristãs; na arquitetura com o estilo gótico e românico; escultura com imagens de cavalheiros com seu armamento pronto para as Cruzadas, além de imagens representando figuras famosas presentes na Bíblia; na música com letras em latim e instrumentos melodiosos.

     Já na literatura por meio do códex (códice), a informação e a arte eram realizadas pelo processo manuscrito, reservado a um grupo de copiadores, geralmente no interior de monastérios, ou seja, conhecimento reservado para poucos como já referido anteriormente.

  Contudo, a arte literária manifestou-se por meio da poesia trovadoresca, sendo esse período literário denominado Trovadorismo que permeou entre os anos de 1198 a 1418, segundo Massaud Moisés em A literatura Portuguesa.

    A poesia era manifesta pelos trovadores, que a compunham e declamavam ela com a utilização de instrumentos musicais; assim, elas também eram denominadas de cantigas que podendo ser lírico-amorosa (cantiga de amor e de amigo) e satírica (cantiga de escárnio e de maldizer). Respectivamente:

a) cantiga de amor destinada a uma amada inalcançável, com confissões amorosas por parte do homem para com a mulher, tendo o sofrimento (ou coita) pela presente em sua temática. Famoso trovador do século XII foi o português Paio Soares Taveirós com sua cantiga de Ribeirinha.

b)   Cantiga de amigo mesmo escrita por um trovador, tem o objetivo de representar o amor da mulher (geralmente não pertence a nobreza) para com o amado inalcançável, por meio de sua confissão amorosa a natureza, bem como seus familiares. Don Dinis, outro trovador português que obteve sucesso ao desenvolver esse tipo de cantiga.
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c)   Cantiga de escárnio e maldizer, como a própria denominação, busca ridicularizar a pessoa destinatária da cantiga. A distinção consiste em: na primeira há omissão da pessoa a quem é dirigida a canção, além da linguagem indireta; e na segunda a linguagem é mais seca e direta, com a presença do nome de quem se quer ofender.



Na literatura do período medieval, também predominou a prosa, por meio das novelas de cavalaria, crônicas e livros de linhagens. As novelas de cavalaria eram baseadas nas expedições que cavaleiros realizavam por meio das Cruzadas, nelas constavam suas aventuras, atos heroicos e idealismos vinculados a temática religiosa. São histórias famosas: História de Merlin, A Demanda do Santo Graal, dentre outros.

Já as crônicas e livros de linhagens, em que são relatados traços da nobreza e sua atuação, bem como o histórico de sua família e de seu nome; revelando a desigualdade social e existência da manutenção religiosa e ideológica.

Podemos concluir que a arte e sua atemporalidade estão vinculadas com diversas expressões da cultura na História. E relacionando a Literatura e o Medievalismo, percebemos que a conexão entre eles busca resignificar cada pessoa com características e representações históricas, buscando vivacidade por parte das futuras gerações.


REFERÊNCIAS


  • GOMBRICH, Ernst Hans. História da Arte. LTC, 2000.
  • LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
  • MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2006.

10 de mai. de 2016




            Impressionante a narrativa do conto O escritor de guardanapo, as alusões e o desfecho final. Trata-se, ao meu ver, do choque de expectativas de um simples transeunte do bar do Catito em torno de outro costumeiro cliente visto como Boca Suja. 

        O codinome faz referência as ações desta pessoa, caracterizada como português bigodudo, cheio de apetite e que não limpa a boca. Mas o detalhe apresentado pelo narrador no início do conto é seu desespero em ver comida ou mesmo um grão de arroz desperdiçado ou sobra. ("Resto de comida é uma coisa estranha. Desde pequeno achei isso, influência materna.) 

        O que deixa o leitor já na expectativa da associação de alguma ação do Boca Suja e sua "obsessão" pelo não estrago de alimento. Mas no meio da narrativa o guardanapo entra em cena. Como assim? O Boca Suja vai limpar mesmo a boca? Nesse momento é revelado o hábito desse estranho cliente (imediatamente relacionamos com o nome do conto) Ou seja? Ele solicita ao garçom guardanapos e lá escreve seus pensamentos que só temos direito de saber ao lermos as últimas linhas do conto. 


         E acerca do contista, sabemos por meio de uma mini biografia na coletânea que Raphael Barros Alves é jornalista e escritor. 


*Conto extraído do livro IV Coletanêa de Contos Sesc, que caracteriza o projeto Um conto por dia (com objetivo de apreciar de maneira pessoal as linhas singelas e profundas presentes no conto).