10 de out. de 2017



         O testamento inicia com a expectativa de um finado e a divisão de seus bens entre parentes conforme sua vontade. Assim acontece, mas a presença de um estranho na audiência e parte da herança promove suspeita e curiosidade. Desta forma, o filho do falecido decide perguntar seus direitos compartilhados. 

         A atitude do estranho, descrito como um motoqueiro, em resposta ao questionamento do filho promove mais mistério. Diz:

"-Ele pediu mistério, disse que me procuraria, pediu para lhe informar que se quisesse saber o porquê, que me acompanhasse durante uma breve jornada.
- Saio amanhã pela manhã, passarei às oito horas por esta praça. Se quiser saber o porquê, me acompanhe, serão sete dias longos, sete dias para realizar o que foi por mim prometido. Sete dias para salvar seu pai." (2012, p.40-41)

      Após essa atitude inesperada, tudo fica cada vez mais interessante; podemos perceber diversas intenções e rumos que a história pode ser desenvolvida. O filho do falecido aceita o convite e em sua Harley-Davidson (presente de seu pai) segue o rapaz misterioso.

           Quilômetros percorridos, os personagens se deparam com uma pobre comunidade indígena. Tudo se encaixa. A vontade do falecido, seu filho e o jovem motoqueiro. O falecido ajudava quatro comunidades.

        Muito pode ser desenvolvido a partir desse conto, por exemplo: o fato da memória afetiva entre filho e pai, o aparecimento do inseto denominado esperança em vários momentos do conto, qual a razão dos número serem distribuídos tão exatamente na fala do jovem motoqueiro, dentre outros.

             É encantador a sensibilidade nas atitudes dos personagens presentes  nesse conto, a mensagem permanece mesmo após semanas a leitura.





As informações sobre o contista Cícero Eduardo:

"Natural de Juazeiro do Norte-CE/Brasil, é formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda e pós-graduando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional pela Universidade Regional do Cariri - URCA. Atualmente é docente do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará - UFC, Campus Cariri e realiza atividades na agência de publicidade 3Orbi Comunicação como Direto Geral e Consultor de Marketing, na Associação Desportiva e Recreativa e Cultural (ICASA) atua como Diretor de Marketing. Nas horas vagas, gosta de ler e escrever contos, pois acredita que o processo criativo não pode parar, característica inerente à sua profissão."*


*IV Coletânea de contos. _ Fortaleza: SESC, 2012. 

30 de ago. de 2017

Um conto por dia: O carrasco, Francisco Alves Rocha



      Através do título o conto já propõe a perspectiva do crime, do julgamento, do culpado, da culpa, da sentença, da vítima; mas, o contista Francisco Alves Rocha coloca seu 

     A narrativa inicia com a procura e compra de um sítio (antes denominado de Venha Ver e após a negociação, Sítio Nada a Ver) por necessidade do dono de se tornar um ermitão, conforme afirma no conto, "um ermitão moderno, digamos".  Podemos captar o interesse do dono em viver isolado da cidade e de companhias  a partir da descrição do lugar e de suas novas denominações:

"Além da casa sede, que denominei de 'mosteiro', havia no local um pomar, o 'Éden' uma pequena área coberta de plantas nativas, a 'Floresta negra' e, finalmente, o 'Lago dos cisnes' (...) (2012, p.33)* 

   Devido as necessidades alimentícias o narrador teve a necessidade de se relacionar com o personagem Seu Carrim, senhor "de meia-idade e um negro intenso", o mesmo passou a frequentar seu refúgio com histórias da cidade, suas aventuras, dentre outros. 

       A partir deste momento o narrador começa a contar o fato que leva o nome do conto, o mesmo se autodenomina, respectivamente, como: único protagonista, acusador, defensor, jurado, juiz, executor ou carrasco. Ficamos na expectativa dos fatos seguintes. Como? De quem? Por qual razão? 

   Conhecemos o personagem que sofreria a pena. Tomamos conhecimento das circunstâncias que chegou ao Sítio Nada a Ver, como conquistou o narrador e o motivo do mesmo ser seu carrasco. Ao final do conto, ficamos aliviados juntos com o narrador devido a reviravolta da narrativa.


As informações sobre o contista Francisco Alves Rocha são:

"Nascido no Crato e filho do poeta João Alves Rocha. Iniciou desde cedo à produção de contos literários. Seus contos apresentam influências dos diversos estados onde já morou e de uma vida ligada à família e aos amigos."*


*IV Coletânea de contos. _ Fortaleza: SESC, 2012. 






29 de ago. de 2017

Shakespeare and Company: 
uma livraria na Paris do entre-guerras, de Sylvia Beach

              O texto aborda o relato pessoal da americana Sylvia Beach acerca da idealização e implantação de sua famosa livraria Shakespeare and Company que se localizava na Rue de l'Odéon número 12, em Paris. 

              Na livraria circulava a venda e "empréstimo" voltados para a Literatura Inglesa, bem como ponto de encontro para vários escritores e intelectuais da geração perdida, dentre eles Ernest Hemingway, James Joyce, Ezra Pound.



Foto: Jessica Souza

         Sylvia Beach relata fatos de sua vida e diversos que cercaram a livraria. Um dos marcantes está na sua relação e apresso por James Joyce, descritos na sua coragem e esforço pela primeira edição de Ulysses (1922). 






14 de jun. de 2017

Um conto por dia: Irretocável, Sibéria Carvalho


      O conto relata um momento importante para a vida de Rosa (personagem que busca equilíbrio e perfeição em tudo), mas acaba por demonstrar "o cinismo consigo mesma", decepcionando narrador e leitor.     Rosa é exageradamente perfeccionista e cercada pelo ambiente que sua mãe lhe ensinara, cheia de simetria e perfeição, simbolizado pela tiara (significando a ordem e o seu poder) de acordo com o narrador: "A perfeição é frágil."         O seu mundo é símbolo do exagero e da irrealidade, sendo um simples quadro torto na parede o início da reflexão sobre suas ações e sua vida. Certo dia, ao sentar-se no sofá, depara-se com o tal objeto fora de sua "ordem natural"; desta forma, Rosa vai em  busca do seu porto seguro, um prumo, para voltar a sua paz interior, mas não encontra.        Desesperada, fora de seu hábito constante de controle sobre tudo, fala: "Onde está a porra daquele maldito plumo?", a partir desse momento tudo  muda; a personagem adentra num estado de reflexão sobre as escolhas que fez na vida. Como o narrador afirma: "E tudo era novo em Rosa, como também novas as suas palavras", chegando a retirar sua tiara.         Acreditamos que tudo mudará em sua vida, mas ao cair no sono (representando o fim do processo de mudança), tudo volta ao "normal", como se nada estivesse ocorrido.          É importante ressaltar dois elementos que estabelecem a ideia de prisão da personagem, a tiara e o prumo. A tiara mostra ser o "poder, glória e prisão"; o prumo, a busca eterna pela "ordem e simetria".      

As informações sobre a contista Sibéria de Menezes Carvalho são: 

"É professora da Rede Estadual de Ensino do Ceará, lotada no CEJA Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira, em Crato-CE, na Área de Linguagens e Códigos. Contista. Foi finalista do Prêmio Nacional SESC de Literatura 2009 com a obra Guilhermina e outros contos. Com o conto Antonia foi uma das vencedoras do III Concurso de Contos do SESC Crato (2010). Contista. Autora do blog www.entre-palavrasecoisas.blogspot.com. Escrever é uma necessidade.