10 de mai. de 2016




            Impressionante a narrativa do conto O escritor de guardanapo, as alusões e o desfecho final. Trata-se, ao meu ver, do choque de expectativas de um simples transeunte do bar do Catito em torno de outro costumeiro cliente visto como Boca Suja. 

        O codinome faz referência as ações desta pessoa, caracterizada como português bigodudo, cheio de apetite e que não limpa a boca. Mas o detalhe apresentado pelo narrador no início do conto é seu desespero em ver comida ou mesmo um grão de arroz desperdiçado ou sobra. ("Resto de comida é uma coisa estranha. Desde pequeno achei isso, influência materna.) 

        O que deixa o leitor já na expectativa da associação de alguma ação do Boca Suja e sua "obsessão" pelo não estrago de alimento. Mas no meio da narrativa o guardanapo entra em cena. Como assim? O Boca Suja vai limpar mesmo a boca? Nesse momento é revelado o hábito desse estranho cliente (imediatamente relacionamos com o nome do conto) Ou seja? Ele solicita ao garçom guardanapos e lá escreve seus pensamentos que só temos direito de saber ao lermos as últimas linhas do conto. 


         E acerca do contista, sabemos por meio de uma mini biografia na coletânea que Raphael Barros Alves é jornalista e escritor. 


*Conto extraído do livro IV Coletanêa de Contos Sesc, que caracteriza o projeto Um conto por dia (com objetivo de apreciar de maneira pessoal as linhas singelas e profundas presentes no conto).

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