Vagando pela História e Arte
É
sabido que História e Arte estão vinculadas, juntas promovem manutenção da
cultura e promove as futuras gerações novas criações a partir das anteriores.
Assim, com a mistura de elementos e influências podemos usufruir também singularidade e diversidade do olhar de artistas que se destacam ao produzir
sua arte. Desta forma, qual a importância da arte? Qual sua importância vinculada ao medievalismo e a literatura, bem como se deu sua
expressão?
Não há um determinado período exato de
quando se iniciou a Idade Média, conhecida também como Idade das Trevas devido
a período de instabilidade envolvido em batalhas e grande desigualdade social
(consequentemente, concentração do saber desigualitária), conforme nos diz
Ernst Gombrich (famoso historiador vienense) em A História da Arte (cap. 8).
Considerando o pensamento que o
estudioso e crítico brasileiro José Ribamar Franklin de Oliveira na
apresentação do Dicionário da Idade Média
intitulado Breve Panorama Medieval temos
a ideia que o termo “período das trevas” é equivocado, pois o “Medievo não significa somente a fundação da Europa
em suas bases cristã e romana. No bojo da Idade Média gerou-se o mundo moderno”,
além de “inúmeros proto-renascimentos” que começaram a ser maturados em meio a
tanta instabilidade e mudanças.
Mediante
o que foi dito pelos estudiosos acima, acerca da Idade Média, percebemos sua
contribuição e evolução nas mãos de artistas; confirmando assim a importância
da Arte, levando-nos ao seu acesso por meio da literatura, pintura, escultura,
música. Fato importante é a invenção de Gutenberg, onde podemos prestigiar em
meados do século XV o estopim da cultura escrita (deixando de ser restrita aos
monges copiadores em seus mosteiros, passando a inúmeras tiragens e,
consequentemente, revolução da informação e do conhecimento).
O acesso à arte e suas diversas
expressões era restrito ao clero e a nobreza, como característica do período
medieval as temáticas eram voltadas ao religioso em busca de sua propagação e
manutenção. Ou seja, em sua maioria buscava-se expressar: nas pinturas com
imagens simbólicas cristãs; na arquitetura com o estilo gótico e românico;
escultura com imagens de cavalheiros com seu armamento pronto para as Cruzadas,
além de imagens representando figuras famosas presentes na Bíblia; na música
com letras em latim e instrumentos melodiosos.
Já na literatura por meio do códex
(códice), a informação e a arte eram realizadas pelo processo manuscrito,
reservado a um grupo de copiadores, geralmente no interior de monastérios, ou
seja, conhecimento reservado para poucos como já referido anteriormente.
Contudo, a arte literária manifestou-se
por meio da poesia trovadoresca, sendo esse período literário denominado
Trovadorismo que permeou entre os anos de 1198 a 1418, segundo Massaud Moisés
em A literatura Portuguesa.
A poesia era manifesta pelos trovadores,
que a compunham e declamavam ela com a utilização de instrumentos musicais;
assim, elas também eram denominadas de cantigas que podendo ser lírico-amorosa (cantiga
de amor e de amigo) e satírica (cantiga de escárnio e de maldizer). Respectivamente:
a) cantiga
de amor destinada a uma amada inalcançável, com confissões amorosas por parte
do homem para com a mulher, tendo o sofrimento (ou coita) pela presente em sua
temática. Famoso trovador do século XII foi o português Paio Soares Taveirós
com sua cantiga de Ribeirinha.
b) Cantiga
de amigo mesmo escrita por um trovador, tem o objetivo de representar o amor da
mulher (geralmente não pertence a nobreza) para com o amado inalcançável, por
meio de sua confissão amorosa a natureza, bem como seus familiares. Don Dinis,
outro trovador português que obteve sucesso ao desenvolver esse tipo de
cantiga.
c) Cantiga
de escárnio e maldizer, como a própria denominação, busca ridicularizar a
pessoa destinatária da cantiga. A distinção consiste em: na primeira há omissão
da pessoa a quem é dirigida a canção, além da linguagem indireta; e na segunda
a linguagem é mais seca e direta, com a presença do nome de quem se quer
ofender.
Na literatura do período medieval, também predominou a prosa, por meio das novelas de cavalaria, crônicas e livros de linhagens. As novelas de cavalaria eram baseadas nas expedições que cavaleiros realizavam por meio das Cruzadas, nelas constavam suas aventuras, atos heroicos e idealismos vinculados a temática religiosa. São histórias famosas: História de Merlin, A Demanda do Santo Graal, dentre outros.
Já as crônicas e livros de linhagens, em que são relatados traços da nobreza e sua atuação, bem como o histórico de sua família e de seu nome; revelando a desigualdade social e existência da manutenção religiosa e ideológica.
Podemos concluir que a arte e sua
atemporalidade estão vinculadas com diversas expressões da cultura na História.
E relacionando a Literatura e o Medievalismo, percebemos que a conexão entre
eles busca resignificar cada pessoa com características e representações
históricas, buscando vivacidade por parte das futuras gerações.
REFERÊNCIAS
- GOMBRICH, Ernst Hans. História da Arte. LTC, 2000.
- LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.
- MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2006.
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